Para muitos profissionais de RH, o momento do desligamento de um colaborador pode ser uma das piores partes da gestão de pessoas. Em situações de crise e de demissões em massa, a gestão comportamental e a capacidade de liderança efetiva são essenciais não apenas para conduzir o processo de layoff de forma humanizada, mas também para reter os talentos que ficaram na equipe.
A demissão em massa pode acontecer por diversas causas, como o gerenciamento de uma crise financeira ou a fusão de áreas ou empresas. Esse cenário é fruto de uma quebra de expectativa entre oferta e demanda de produtos e serviços, como você acompanhará abaixo.
Nesse artigo você vai entender o conceito de layoff e sua origem, o contexto socioeconômico mundial que gerou o aumento dessas ocorrências, a forma como as recentes políticas de Diversidade e Inclusão foram afetadas, os impactos no mercado de trabalho e como se prevenir para que o seu negócio não passe por isso.
Demissão em massa, desligamento coletivo ou layoff, existem muitos nomes para falar sobre a demissão de muitos colaboradores em um curto período de tempo. Você deve ter se deparado com esse último termo em matérias e até mesmo pelo LinkedIn, já que essas ocorrências aumentaram muito desde os últimos meses de 2022. Geralmente os layoffs são uma medida de diminuição de custos com folha de pagamento e essas vagas não são repostas para deixar de existir.
Oficialmente, um layoff ocorre quando há um desligamento de pelo menos 10% do quadro de funcionários, ainda que não exista um número exato para essa categorização. O conceito foi usado pela primeira vez na Inglaterra, no século XIX, para descrever a demissão temporária de funcionários com o objetivo de redução de custos. Essa prática também pode acontecer quando há mais funcionários que demandas na empresa. A instituição deverá cumprir com suas obrigações trabalhistas, respeitando o artigo 477 da CLT, mas desde 2017, com a reforma trabalhista, a demissão em massa passou a ser regida pelas mesmas regras da demissão individual.
No Brasil, layoff também foi uma forma de se referir, especialmente durante a pandemia, à regulamentação exposta na Lei nº 14.020/2020, que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e prevê a suspensão temporária ou a redução proporcional da jornada de trabalho e salário, além da interrupção do contrato de trabalho por até 4 meses. Desse modo, a empresa suspende temporariamente os contratos de trabalho de funcionários, isto é, eles não comparecem ao trabalho e não recebem salário.
Layoff é o resultado de uma quebra de expectativa, conforme abordamos acima. Para entender essa afirmação, precisamos olhar para o cenário macroeconômico. Como consequência da pandemia de Covid-19, houve uma manutenção de juros baixos por mais tempo, aliada a uma queda na produção de bens e serviços em função do isolamento social.
A tendência, portanto, foi a de um aumento mundial da inflação. A resposta dos poderes públicos foi aumentar a taxa de juros, apertando a política monetária e tornando o dinheiro “mais caro”. A lógica é simples: as pessoas consomem menos e as empresas, já que vendem menos, também gastam menos, reajustando as expectativas.
Essa crise impactou as startups e empresas de tecnologia com ainda mais força, já que, também em função da pandemia, essas organizações receberam aportes financeiros de grandes corporações com a promessa de ascensão. A longo prazo, as previsões não se sustentaram e foi necessário o desaceleramento do setor. Um estudo desenvolvido pela Layoffs mostrou que na primeira quinzena de 2023 foram demitidos mais de 24,1 mil funcionários em 91 mil empresas de tecnologia no mundo, isso significa uma média diária de 1,6 mil demissões.
Nem mesmo as gigantes Spotify, Amazon e Google escaparam. Para se aprofundar no impacto gerado pelos layoffs dos últimos meses, acesse o portal Layoffs Brasil, um banco de dados abertos criado com o objetivo de analisar o impacto das demissões em massa e ajudar profissionais na recolocação ao mercado de trabalho.
Tendência de gestão de pessoas, principalmente na última década, as políticas de D&I também estão sendo afetadas pelo aumento de layoffs no Brasil. Empresas que investiram bilhões nessas iniciativas com o objetivo de aumentar a representatividade de profissionais com marcadores sociais, agora encontram uma nova dificuldade. Estes projetos criados para aumentar a diversidade no mercado de trabalho podem se perder em meio às demissões em massa globais.
Uma pesquisa realizada pela Revelio Labs indicou que os profissionais negros e de origem latina representaram 7,42% e 11,49%, respectivamente, das demissões em massa na área de tecnologia em 2022. Em números gerais, eles representam apenas 6,05% e 9,96% dos profissionais do setor. No mesmo ano, a Netflix dispensou 150 funcionários, 26,6% dos quais foram identificados como profissionais com marcadores sociais.
Mas por que isso ocorre dessa forma? A política de demitir os funcionários com menos tempo de casa aumenta a chance de que colaboradores contratados como fruto de ações de D&I sejam afetados. Isso porque a preocupação com essas questões são recentes e os profissionais mais estruturados na empresa possivelmente serão pessoas contratadas anteriormente.
Ainda com a onda de demissões em massa, as dificuldades na atração de talentos de nível pleno e sênior continuam. Por se tratar de um fenômeno mundial, empresas de outros países veem no Brasil a possibilidade de uma mão de obra qualificada mais barata e, para os profissionais, surgem possibilidades de receber em dólar e muitas vezes até duplicar o salário. Além disso, frente ao cenário de instabilidade, é muito possível que os profissionais que ficaram decidam procurar novas oportunidades no mercado. Nesse contexto, surge a necessidade de desenvolver estratégias para retenção dos talentos nas equipes, mesmo após um layoff.
O primeiro passo é entender o que motiva o seu time e para isso é possível utilizar tecnologias de assessment como o PDA para mapear o perfil comportamental de cada um, o que também ocasionará em um aumento da produtividade e consequente redução de custos. A gestão comportamental possibilita entender questões não-tangíveis como propósito, necessidade de autonomia e abertura para o desenvolvimento. E, no que diz respeito à retenção, também é importante se atentar ao modelo de trabalho, salário e benefícios.
Para evitar chegar ao ponto de um layoff, seu negócio pode se preparar de forma preventiva. Esse processo envolve a criação de uma cultura de utilização dos recursos de forma consciente e eficiente, cortando gastos desnecessários. O investimento em tecnologia também pode auxiliar nessa jornada de otimização, pois possibilita a automatização de processos.
Modelos flexíveis de jornadas de trabalho e estratégias de retenção, também facilitam a adequação de orçamento do negócio. E, para a implementação de um mindset colaborativo, aliar essa proposta à capacitação dos colaboradores é uma decisão assertiva. Além disso, certifique-se de que o time está motivado para ajudá-lo a alcançar os objetivos.
Por fim, adotar boas práticas contábeis e manter um controle financeiro também é importante para que a empresa evite passar por layoffs, já que a gestão financeira eficiente é essencial para a saúde da empresa. Além dos controles básicos, também é possível verificar os programas de incentivo e apoio governamental existentes e aportes de investidores externos.
Caso a sua empresa precise de um layoff, será necessário agir com transparência e atuar com a gestão de crise que, para além dos danos individuais, também gera problemas sociais coletivos e afeta a imagem da sua marca frente aos consumidores, seja sua empresa B2C ou B2B. Inclusive, hoje existem no mercado programas de desligamento responsável, como é o caso do Transition da Self Guru. Conheça nosso hub de soluções e saiba mais conversando com nosso time pelo Whatsapp.